Entre carne, madeira e metal
Deusa revestida de madeira e aço...
Que nasceu para ser massacrada
Tua assunção provém da violência
Violência que faz tua pele gritar de prazer
Enquanto te espanco: mil olhos a condenar-me
Julgam mal aquilo que não conseguem sentir
Nenhum destes infâmes compreende nossa paixão
Nenhum destes coitados jamais sentiu coisa igual
Me angustia ver a beleza do nosso amor selvagem
Tornando-se tudo, menos o que parimos: Arte.
Arte do abuso numa promiscuidade de sons
Ao rufar, dominação, me torno rei do instrumento
Que, outrora pulsava o homicídio de inocentes.
Instrumento de guerra e de paz, que musicaliza
A essência de seu domador, este sedado em vibrações
Pele bestial, configuração confusa, voz hibrída e sedutora
Porém não dócil, não consciente, quase não-humana
Esse ouro de tolo: teu brilho, tuas jóias hipnóticas
Acrescem meu desejo desvairado pelo teu corpo
Corpo provocante e misterioso
Até mesmo para mim, fiel amante
Deus revestido de madeira e ferro
Cabeças distintas: Tiamat pessoal
Não te ausente como Kokyang Wuht
Pois, dediquei vitalidade ao nosso objetivo
E mesmo hoje, não sei bem.
De fato, quem controla quem?
Se montamos um tempo
Ou, somos tolas cobáias
Acorrentados um ao outro
Até que drenemos a existência
Pouco a pouco, dum e d'outro
Dedicado ao instrumento que mais gosto de tocar.