Rendição
Vens rasgando minhas entranhas
Com todas as tuas artimanhas
E eu vou me fingindo de inocente...
De ti sou a ré mais confessa,
Vou te acolhendo sem nenhuma pressa
Teu nascimento é latente...
Não existe como fazer aborto,
És filho que vive mesmo morto,
És brasa queimando debaixo das cinzas...
És a água que inunda tudo,
És o meu vício mais agudo,
És o pincel que dá vida às tintas...
És doce cantiga de ninar criança,
Certeiro, jogas tua pontiaguda lança,
Nunca ouso me defender de ti!
Não posso nadar contra a corrente,
Não quero tentar domar serpente..
Eu sei, outras vezes estiveste aqui!
Vences qualquer apetrecho de guerra,
Nenhum coveiro te enterra...
És guerreiro esperando minha rendição!
Contra ti, toda batalha é perdida!
Eu já me considero rendida
Sou ,por vontade, escrava na tua mão.