Desabafo com corpos sem rosto
Há de haver uma razão
um motivo, um sentido
segurei essa dúvida por muito tempo
não sou eu suficiente para ninguém?
Resolvi que o inconformado
o inquieto
o louco
o desalmado
o amador
todos os que vivem em mim se manifestem
Desde os que trocaram o calor dos livros pelo frio que porventura me assombra a alma
Até os que vieram sem ser convidados
dentre esses procuro uma flor
as encontro
mas tenho um mal sem identidade
e elas somem pela multidão
Se erro
se escolho mal os momentos
se me fogem as palavras
afinal algo me sobra?
Quem sobrevive aos insultos do medo?
Apenas eu
somente eu
apenas eu somente eu
entre os corpos sem rosto
aos quais desabafo
Busco a explicação das coisas
as encontro na arte e na vida
mas tal dúvida somente me sairá da alma
quando, em meio à multidão
não se perder a flor