Rapunzel
Seus cabelos acenam para minhas mãos desbravarem sua nuca.
Seu rosto deixa a inocência parecendo uma prostituta.
Seus olhos mortos seduzem meu coração em um purgatório injusto.
Sua voz baixa invade minha audição como uma criança dando sustos.
Sei que só posso te ver, vendo que só posso ousar, ou sonhar te amar.
Sei que só posso amarrar meu amar para descansar e beber nesse lugar.
Sei contemplar suas tranças como quem contempla o horizonte.
Sonhando, vendo você engolir o sol, o céu, meu eu ao longe.
Si, dó, ré, mi, fá, sol, lá, e se seus fios formassem cordas para tocar?
Se ninguém nota, anoto seu tom de pele em um tom para cantar.
Sigo esse vício sabendo o princípio colorido e o final sem cor.
Sem sentido é o amor, temido pelo medo, moderado pela flor.