PARA TI, MÃE
PARA TI, MÃE!
Sinto no rosto o calor de tuas mãos
E nos teus olhos os meus
Na distância do tempo!
Na rua, a estrada continua sem fim
Devoradora do tempo, esse mesmo
Que na candura de um beijo me deste vida
E ensinaste quão belo é ter mãe!
Na lareira já não crepita a fogueira
Mas ainda escuto aquela História de Natal
Que me contaste num Dezembro de partida
Em busca de mares distantes, em terras de esperança!
Chamavas-lhe Moçambique
E eu chamei-lhe ausência e saudade!
Tenho na mesa ainda a fotografia que me deste
À mistura com o cheiro daquele beijo molhado
Com a lágrima que verteu sobre meus cabelos
Nessa noite, nessa noite!
Levavas esperanças e deixavas um pouco de ti.
Oh Mãe! Como doi a saudade!
O postal do navio ainda tem oceano na moldura,
Que esconde perguntas de meninos que te seguiam,
Filhos e Irmãos, na inocência de ser criança!
É recordação desse tempo em que rasgaste o coração
Para chorares o amor que deixavas na terra lusa!
Mãe! Tenho saudade de ti ainda nesse tempo
E a alegria do abraço do regresso, também na noite!
Lembro teus olhos de águia perscrutando meu rosto
Ao chamares-me “ meu menino”,
O mesmo que o pai me ensinara a cantar
Em jeito de balada, porque era d’oiro!
O sorriso era o mesmo , tão meigo tão calmo,
Os braços eram aqueles que me embalaram
E se embalaram no mar da partida, no céu da chegada!
Contaste-me de novo a história, não aquela de ida
Mas a de meninos na chegada:
“Era uma vez a Né, o Luis, o Joca, o Tó, o Paulo e o Cabeto…
E de Germano, o pai!”
Mãe! Como o tempo passa
E traz aos meus cabelos as brancuras dos teus
E me cantas a canção que sentes
Nas palavras que poetisas, mesmo sem querer,
Ao pronunciares meu nome, com sabor maternal!
Como é bom ter-te mãe,
Ver-te sorrir e falar,
Seres simples como as flores e suave como a brisa,
Conselheira vigilante, timoneira e estrela polar!
Parabéns mãe por seres minha,
Sou tão feliz por te ter e amar!
José Domingos
(no aniversário de minha mãe , Ana Maria, no dia de hoje
24 Fev 2013)