Todas as noites
Todas as noites, as noites vão se fazendo mais
longas, mais distantes, cada vez mais distantes.
a cada hora me aproximo do desespero, do
desprezo, da ausência em forma de saudade.
Todas as noites me recordo, me resguardo da
vontade alucinante, dilacerante de falar-te o
que em meu coração pulsa, descompassa
descompassadamente, descompassado.
Todas as noites forma-se o vazio, forma-se uma
imagem, forma-se meu espelho, meu reflexo, meu
avesso, meu singelo desejo de te ver...
Todas as noites é você a manifestação do vazio,
da lacuna, do abismo que mergulho sem você; todas
as noites fico a esperar o sonho meu em busca do
sonho teu.
Todas a noites fico a imaginar, ao cerras os olhos,
a espera de um sorriso teu; todas as noite é você
que chamo no silêncio, no sussurro de meu pranto.
Todas as noites são iguais, a cada dia mais distante
sem saber se com vida ainda vivo em ti, sem saber
se vives minha ausência, se chora sem minha presença.
Sem saber, se ainda existo em você.
Todas as noites as músicas se repetem, as sinfonias
regressam a minha mente buscando todas as noites
você.
Buscando ao menos aquelas antigas mensagens, as
últimas palavras de saudade, as vagas palavras de
amor, carinho ou um simples e derradeiro abraço
ao menos escrito.
Todas as noites eu espero na saudade das lembranças,
nas fotos e poesias, as palavras com o tempo perdidas.
Todas as noites resta uma fagulha de esperança, uma
fresta de luz em meio a escuridão que me toma, me
joga e me mostra que todas as noites mais distante
de mim estarás.
Todas as noites tu es travesseiro, mãos fechadas,
punhos firmes, jorro de lágrimas, orações inacabadas,
pés juntos, mente vaga, coração acelerado, respiração
ofegante, uma última gota de lágrima antes do amanhecer.
TODAS AS NOITES PARA TODO O SEMPRE ...