Quando tu choras...
Quando tu choras...
Os olhos de minha amada são lindos: são como dois faróis dotados de uma estranha cor azul aveludada.
Eles ficam parados, a me olhar: espantam-se com essa tristeza que teima, a revelia, em me acompanhar.
(E um mar de lágrimas invade o abismo insondável dos olhos de minha amada)
Quando tu choras, minha amada, uma devastadora labareda de fogo queima por inteiro o meu Ser.
Este Ser que sou. Este modo de ser que, por mais que eu me esforce, não compreendo.
Por mais que eu tente, amada minha, não consigo ver através de teus olhos molhados
O Outro Ser que queres encontrar em mim... (um jeito de ser que retire mais brilho da Vida)
O meu Ser, sobrevivente de cada tempestade que me assola, implora pelo teu sorriso...
E te pede contrito, amada minha, não chores mais quando outra vez me encontrares prisioneiro de minha atávica angústia
Pois é o teu sorriso a fonte em que bebe a minha alma atribulada;
E é a tua doce voz a acariciar os meus ouvidos, o Muezim que me conduz de volta prá casa.
Terra dos Sonhos, manhã de quarta-Feira, penúltimo dia de Janeiro de 2012
João Bosco