As mudas se reconhecem
No canteiro do jardim
sempre cheio de belezas
mudas novas chegaram
para abrilhantar as roseiras
Uma já com seus tantos anos
vivia com uma peste dos campos
mas bravamente não contaminava
seu sentimento à sete chaves guardava
E foi crescendo cada vez mais
e nenhuma chegou tão perto de seu altar
tantas mudas já existiam por entre os espaços
mas eram parentes das que brotavam por lá
Até um belo dia a muda rainha
percebeu que em seu canteiro crescia outra alteza
mais alva, gentil, alegre e prestativa
suas pétalas brilhavam, sempre brilhante e viva
E uma disputa começou
o desenho se contornou
a muda rainha, tristonha estava
porque algo novo já brilhava em seu território
O vento que batia muita balançava
pois da outra roseira a força se aproximara
e ao vê-la mais perto, percebeu
quanto tempo perdeu, seu ex romeu por ela padeceu
E seu brilho foi caindo
em pétalas albinas se transformaram o seu astral
porque era seu, porque não mais
de madura tardia, seu cheiro já não hipnotizou mais
O reconhecimento de aureas
a fez repensar no fato de amar
porque não floresceu antes
eras tão estonteante
Inconformada ficou
e por um tempo não aceitou
que o seu amor não queria mais
mas a imaginação ainda aflora, a imagem do romeu
Sufocar um despertar
um amor que tarda a ir
e insiste em maltratar
o verão que custa a passar
E tens que conviver
com as novidades do teu canteiro
pois a rosas podem ser trocadas
e de incolor, acabam sendo escorraçadas
Mas de esperança vive a rosa
mesmo que em outra comunidade
e de vez em quando bate a saudade
de um tempo de muita vaidade
Quando o brilho e o cheiro
se alastravam por todo o canteiro
conduzia-o à uma dança sedutora
o romeu se entregava à sua rosa encantadora
E assim se reconhecem
mesmo quando o tempo fere
as mudas guardam o DNA
para um dia se reencontrar!!!