SILENCIO EM MEU CORAÇÃO
SILENCIO EM MEU CORAÇÃO
Já havia identificado uma anomalia,
Algo não estava bem
Apesar da felicidade aparente.
Era uma alegria sem alarde
Uma cadencia sem melodia
Uma poesia sem rimas.
Era uma brisa
Que apenas se movimentava,
Sentia seu toque
Sem sentir a caricia.
Havia planícies verdejantes
Sem o aroma das flores,
Rios que atravessavam vales
Sem o murmúrio da corredeira.
O azul penetrante do céu
O verde apaziguante do mar
Eram só cores que refletiam
Aos meus olhos.
De repente abri meus olhos e constatei:
Havia um silencio em meu coração!
Era a falta da rotina,
Era a falta de um amor,
Era a falta de alguém.
Aquela revelação me deixou perplexo.
Os sinais de silencio eram absolutos.
Não havia marcas
Não havia nomes
Nem saudades de momentos.
Sem cores
Sem amores,
O silencio imperava.
Era uma fortaleza fria
Uma câmara sem segredo
Torres de janelas escancaradas
Onde o sol apenas penetrava
Sem nada para aquecer.
Silencio em meu coração
Até quando?
Até onde?
Quem roubou as vozes que o habitava,
Quem mudou o sentido dos ventos,
Quem disse que eu precisava de silencio?
Dizem que o silencio é ouro
Mas meus cofres estão abarrotados.
Quero moeda de barganha por eles
Quero papel e lápis
Pra iniciar uma nova historia,
Quero uma foto na minha carteira
Um numero diferente no meu celular
Um ringtone que me faça suspirar
Quando identificada a chamada.
Não quero mais silencio,
Quero agito
Quero movimento.
Quero esquinas de surpresas
Colinas de suor
Na ânsia do encontro marcado.
Só quero silencio em meu coração
Quando estivermos em êxtase.
Se é que conseguiremos
Quando estivermos lado a lado.
Nada, nada pode perpetuar esse silencio.
Se o nada não é eterno,
Creio ter chegado os sinais dos tempos,
Onde a rotina será abençoada
Pela nova sombra
Que será projetada
Na parede do meu quarto.
Silencio em meu coração?
Não!
Di Camargo, 10/01/2013