Eu Boneca.
Concerte-me,
Faça-me uma perfeita boneca novamente.
E que na perfeição algo se destrua...
Quebre-me,
Junte os cacos de minha face porcelana e, jogue-os ao vento.
E que o vento leve-me ao longe...
O longe somente perto para quem se arrisca em atravessar os portões.
Eu boneca, nada posso fazer...
Guie-me quando o vento por outra direção seguir.
Rasgue-me,
Do vestido rendado ao trapo.
Vista-me em vergonha...
Me cubra, me exponha.
Apague meus passos, para que na floresta me perca...
E o sangue se mistura ao gosto das cerejas,
Minha boca vermelha pede um beijo, os lábios teus longínquos... Acaricia-me num sorriso.
Por detrás do mudo, o vazio...
Por dentro de mim, nada.
O veneno das palavras mata-me aos poucos...
Boca minha vermelha, olhos teus perdidos.
Eu boneca...
Você amor meu, foi-se e deixou-me quebrada.
Encontrar-te-ei nesta longa estrada...