Falando ao Coração
Amar é mudar de alma
Como vestir roupa nova;
É dividir sem se ter,
É ter certeza sem prova.
Amar é dividir cama,
Dar a metade do pão,
Perdoar que nos ofende,
Mesmo sem pedir perdão.
A cadência de teu passo me enlaçou,
Teu beijo perturbou meu universo.
Bendito, teu amor que em súplicas peço;
Bendita és a boca que a beijou.
Sinto teu humor cada manhã,
Decides, tu, se estarei de bem ou mal.
Um sorriso com gosto de avelã;
Numa lágrima, em seguida provo sal.
Se sofres, como ungüento me ofereço,
Azado, meu amor não lhe tem preço.
Teu beijo, pão bendito, és tão escasso.
Porque em teu jardim só vejo flores?
Se desdenhas, tu, dos meus amores.
Ao negar-me, às vezes, um mero abraço.
Um segundo de atenção, basta pra mim!
Teu sorriso me vale um dia inteiro.
No teu beijo, me senti como o primeiro,
A beijar esta boca carmesim.
Imbriquei minha sorte a tua sorte!
Através dos teus olhos vejo o mudo.
Teu retrato me custa um só segundo,
És pra mim, questão de vida ou morte.
Sei que outro tens, minha pequena,
A quem dás carinho em demasia.
Por amor de imploro noite e dia,
De ti, preciso eu, minha Helena.
Depois que te amei numa manhã
Tróia, eu também teria dado,
Pra sentir no teu beijo de maçã,
O prazer divino no pecado.
Com instinto de amor despudorado,
No íntimo, do teu íntimo me afoguei.
Em galopes cadentes cavalguei,
Quando, em êxtase, nos vimos lado a lado.