BUSQUEI UM SORRISO
Foram tantos personagens que busquei,
Vendo suas ansiedades e preocupações,
Rostos crispados, dores até lancinantes,
Diante de sofrimentos que carregaram,
Até que, numa pausa, um velhinho notei.
Vi a bondade no olhar, meio cansado até,
E olhando seu semblante notei a sabedoria,
Longa existência, a escola da vida cursada,
A melhor, que dá experiência, pela vivência,
Desde quando criança até a fase adulta.
Curioso, notei as rugas com sulcos na pele,
Num rosto que denotava tranquilidade e paz,
Sendo que as palmas das mãos não eram macias,
Com calos que mostravam toda existência de luta,
E no entanto aquele semblante tão calmo parecia sorrir.
Fui me aproximando numa ousadia até cautelosa,
Diante de uma possível intromissão indesejada,
Mas o semblante com que recepcionou meu aproximar,
Deixou-me confiante e disse-lhe o que tanto desejava,
Buscar um sorriso não importa onde, desde que existisse.
Falou-me então de uma existência tão venturosa,
Onde criança vivia no meio da natureza muito bela,
Com rios impetuosos caindo do alto em espirais,
E suas espumas brancas balançavam ao vento,
Formando arco-iris graciosos espreitando entre as flores.
Disse-me que gostava de contemplar o lindo por do sol,
E via nuvens vaidosas recebendo pinceladas de cores,
Sendo que nesses momentos escutava a brisa suave,
Que trazia o perfume das flores das matas tão verdes,
E ele contemplativo aguardava então o anoitecer.
Via o momento em que as estrelas apareciam piscando,
Como se fossem crianças parecendo com ele brincar,
Até que um silêncio então emudecia todo o universo,
Vendo que a lua esplendorosa surgia lá no horizonte,
E ele então me sorriu quem sabe até tudo rememorando.
11-10-2012