O NOIVO
O NOIVO
O noivo aguardava a noiva no altar. Externava um sorriso mudo nos lábios carnudos, mas sem direcioná-lo a ninguém. Ás vezes acenava nervosamente a esmo. Passava as maos nos cabelos descompassadamente, atritando-os de maneira sutil. Na igreja havia poucos convidados. O que nao era prova da impopularidade do casal. Azaléias ornamentavam os corredores. Na ala direita do altar estavam os padrinhos. Onde se destacava uma mulher robusta de seios fartos trajando um modelo excêntrico. Mas que nao era lá tao diferente dos demais ali presentes. Ao lado esquerdo estavam as testemunhas, quase ocultas por uma estátua de Sao Pedro que dificultava a visibilidade panorâmica da igreja. O padre era um homem de feiçao calejada pelo tempo, tinha um olhar fixo, parecia estar contemplando as veredas do paraíso. Os musicos começaram entao atocar uma musica serena que aos poucos arrebatavaa monotonia da espera. O noivo ia se acalmando, hora ou outra revezava um olhar para a porta. Mas ainda oscilando em uma ansiedade formal e quase patética.
A presença de uma menina vestida de branco na porta central, portando em suas delicadas mãozinhas um cesto de flores, anunciava o inicio da cerimônia. Todos se levantaram de maneira orquestrada varrendo os olhares para aquela criança. A pequena retirava do cestinho pétalas de flores e as arremesava sutilmente ao ar. Logo atrás entrou outra criança de estatura quase imperceptível, caminhava ao som de uma marcha nupcial equilibrando nas maos uma almofada azul portando as alianças. O noivo ficara estático, abandonou no canto da boca um balbuciado qualquer. Apertava as maos com devoçao, seus olhos reluziam uma luz própria, naufragando a iluminaçao artificial que chegava a sua retina. Como se fosse o último ato de um drama, a noiva entra a passos matemáticamente marcados, protagonizando uma cena premeditada por todos. Entao, ela entra pelo corredor que levaria ao altar, sem distribuir qualquer manifestaçao impertinente. Ao chegar ao altar, o noivo a toma pelas maos e a fita nos olhos de maneira piegas. O padre inicia a cerimônia com um sermao. Lê aos noivos uma passagem do livro de próverbios, e os chama atençao para a importância do matrimônio. O noivo ficava atento ouvindo cada palavra que o padre dizia. No entanto a anoiva parecia estar incomodada, olhava desapercebidamente para os convidados. Preoculpou-se em nao chamar a atençao, inclinou um pouco a cabeça criando assim uma espécie de escudo. Pôde, assim obesrvavar o seu incomodo um rapaz de cabelos escuros e de fisionomia empalidecida, que trazia no olhar um repértorio de lembrnaças dignas de uma retrospectiva.
O padre , por fim, propoe o desfecho do casamento com uma singela pergunta para confirmar o ato. O noive responde o sim, como se estivesse à espera daquele momento por toda a vida. A noiva pela primeira vez sorri, dá um passa para trás, como se banalizasse a história e abandonasse o futuro próximo.