Poema de ontem
Eu chegaria atrasado
Carregando minha sacola
Minhas roupas velhas e sem cor
Em ombros tão cansados
Tão exaustos dessa sede e fome
Fui teu último a chegar
Pousar calmamente, levemente
Contrariando o Pragmático que me plantou inquieto
Quis lentamente e não mais num único gole, numa dose
Quis nas migalhas até o transbordar do prato
Ao apagar das luzes
Mas só pra no escuro ser
O beijo doce nunca beijado
Nem abraço jamais abraçado
Me atiraria ao lado teu
Em vestes tão surradas
E merecedor de tão pouco amor
Um maltrapilho dos versos enviesados
Inclinados à linda Flor
Entregaria todos eles ao peito dela
Com deslizes e a profundidade que lhes cabem
Tão calado, mudo e amordaçado
Declararia aos gritos o que todos sabem
Tal querer de amor humano e torto
Feito estas linhas enladeiradas
Feito o ponto tênue do amor nunca amado
E não sei se acharás atrasado também amor
Antiquado feito as rosas que lhes chegam
É que no tempo me perdi
Amando-te sem mesmo antever os olhos teus
Feito poeta que escreve e atira ao mar...
Mas ninguém lê