Sentada no Cupinzeiro..



Nasci num colchão de palha
Bem longe de um berço de ouro
Se sou humana logo tenho falhas
Mas não coloco em ninguém chapéu de touro
Ele veio até mim seguindo os passos da garbosa siriema
Só posso ficar contigo um único dia morena
Longe da violência dos noticiários matinais
Diretamente para a maciez dos braços da moça de Batatais
Bolinho de chuva acompanhado de um fumegante café
Entremeio a muitos beijos e aquele gostoso cafuné
Dissertou sobre todos os seus compromissos a cumprir
O olhei meio tímida e de soslaio me pus a sorrir
Quando enumerou as contas a pagar
Solidária junto aos seus braços fui me enroscar
Não queria ir embora pois se sentia muito sozinho
Romântica e manhosa fiz até biquinho
Desejoso de sentir todos os meus dengos e carinhos
Vibrou quando ouviu dos meus lábios
Fica amorzinho...
Deixou minhas botas mas tirou meu chapéu
Me sentei com jeitinho em cima do cupinzeiro
Sedução passou longe de Raquel
Quando suspirei aquele inocente ar brejeiro
O rosto dele se iluminou de alegria
E rolamos como duas crianças pela grama
Veio para me conhecer por um dia
E já havia se passado uma semana
Brincávamos entre as árvores de pique esconde
Ou mergulhávamos no rio sem nunca revelar a minha nudez
A noite eu era a menina e ele o lobisomem
E nisso já havia se passado um mês
Mas só quando ele me viu empunhando bravamente uma enxada
E sorrindo carregando calos de muitos anos
Me rodopiou no ar como sonha essa moça apaixonada
E finalmente disse Raquel eu te amo...





                              


Raquel Cinderela as Avessas
Enviado por Raquel Cinderela as Avessas em 05/10/2012
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