Mineira Sim Senhor...



Eu nasci em mil novecentos e antigamente
Cheguei no final da primavera feito uma flor
Trazendo alegria para os meus pais e meus parentes
Mãe se chama de senhora e pai se chama de senhor

O primeiro brinquedo que tive foi uma viola
Não tinha nem sapato para pôr no pé
Mas ouvia do meu pai a toda hora
A maior riqueza é a palavra de uma mulher

Ao crescer vendo ele vender o gado
Fui aprendendo a negociar
Naquele tempo não precisava de papel passado
O que tinha no meio das pernas um homem sabia honrar

Se o caboclo gostasse de uma moça
Enchia o peito de boa intenção
Hoje quer fazer a gente de trouxa
E ainda por cima quer ter razão

Coração de moça não é brincadeira
Se for mineira então o cuidado é redobrado
Diante do cano de uma cartucheira
Faço muito engraçadinho correr no cerrado

Somos conhecidas pela lealdade ao parceiro
Sentimento pouco valorizado o que é uma pena
Mas tenho orgulho de deitar minha cabeça no travesseiro
E dizer é sua essa morena

Num mundo tido como moderno
É comum possuir celular e computador
Não estou acostumada com homem de terno
Nem você com moça que dirige trator

Eu sei que muitas vezes para mim mente
Mas sorrio porque meu coração não destroça
Sou moça que preza costumes de antigamente
Criada nas leis e regras da roça

Por isso te trato com tanto respeito e carinho
Mesmo que para mim não sobre tempo nem vontade
Pelo menos não poderá dizer que no seu longo caminho
Não apareceu uma mineira de verdade...





                                               
Raquel Cinderela as Avessas
Enviado por Raquel Cinderela as Avessas em 28/09/2012
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