A cura

O mundo é tão insosso em tua ausência

Enfadonho, digno de pena

Fantasmas buscam consolo em qualquer migalha

Feito cães vadios implorando atenção

Em tua presença me transporto

Vamos juntos a outros cantos

Que iluminas com tua luz

Me cega a fantasmagórica visão

Nesses cantos somos únicos

Desfrutando nossas verdades em fartura

Entupimos a ampulheta

Com o suor de nossas juras

Ensurdecemos aos sussurros

E entrelaçamo-nos em câimbras

Curando as chagas expostas de nossa estadia

Na superlotada solidão

No correr da cascata de areia seca

Despedimo-nos com as almas úmidas

Na certeza da esperança concedida aos amantes

Que a cada dia em nosso canto distanciamo-nos do inferno

Retorno aos cães vadios

Famintos, morderão minh’alma suculenta

E com as chagas reabertas jorrando sangue na escuridão

Aguardarei, no brilho de teus lábios, a cura