José Saramago e Pilar...


Em Lisboa as quatro da tarde numa cafeteria
Adentra a moça que para sempre sua vida mudaria
É um homem e uma mulher que irão se conhecer
Aos 63 anos Saramago sente o chão tremer
Ela 28 anos mais jovem sonha em mudar o mundo
Ele um escritor já conhecido
Tenta fazer com que as palavras tenham significados mais profundos
O português melancólico e sereno
Se perde diante do caráter daquele rosto moreno
Incompreendido e já desgostoso de viver
Descobre no amor a chance de sua vida refazer
Apresenta a moça a sociedade como " minha menina"
O sentimento é tão forte que viram nome de rua
Onde a confluência é um encontro na esquina
Questionam dizendo que a moça é nova demais
Esquecem que todo homem maduro um dia já foi um rapaz
Mas diante de uma companheira batalhadora
Saramago demonstra todo o seu carinho
Vence os julgamentos cegos e tolos pudores
E aconchega sua menina no peito como um ninho
Aquela moça o domina com sua candura
Em 1998 ele recebe o Prêmio Nobel de Literatura
Mas é acometido por leucemia
Tudo é acompanhado pela moça
Que por 23 felizes anos ao seu lado viveria
Ela cuidava dele com tanto carinho e dedicação
Que porta afora ele era um pensador ou formador de opinião
E diante dela um menino cheio de amor no coração
Até que um dia depois do café da manhã tomar
Ele passou mal e segurou as mãos de Pilar
Dizem que ele era ateu
Mas quem vive um amor tão grande assim
Já vem a Terra abençoado por Deus
Fecha os olhos indo de encontro a outra dimensão
Aos 87 anos finda nesse plano a sua missão
Seu semblante durante a passagem permanece tranquilo e sereno
Na sua frente o grande amor de sua vida
Aquela moça do rosto moreno...



                                                   

Raquel Cinderela as Avessas
Enviado por Raquel Cinderela as Avessas em 11/09/2012
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