Desejo

Eis um mero sujeito-desejante

Dando asas a desejos conflitantes

Indeciso quanto ao objeto do desejo:

O amor, a amizade ou um beijo.

Justapondo-se como etapas de montagem

Atrelando-se a um molde de serragem,

Construindo um castelo de areia

Bem à margem do oceano em maré cheia.

Que futuro espera a esperança?

Diluir-se em um sonho de criança?

Ou frustrar-se, à espera de se cumprir

Tornando-se só outra maneira de fugir?

Não seria mais sábio, talvez, abrir mão

Desse sonho fadado à solidão?

Ou negá-lo, alegando que não existe

Só para ver se o próprio sonho desiste?

Por não saber qual desejo é mais desejado

Condenado à frustração está fadado,

Muito embora não duvida que ele exista

Pois sua fonte de desejos está à vista!

Por fim, sempre restará o grande sonho

Deste desejo-paixão, nunca enfadonho,

Ao qual o mero sujeito-desejante

Confia e espera, em espera constante.

Animando o espírito, o desejo pujante

Prepara para a luta qual vento cortante

Vencendo a corrente do marasmo enfadante

Dando força ao próprio desejo de ir adiante.

Alberto Busquets
Enviado por Alberto Busquets em 21/08/2012
Código do texto: T3842125
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