Desejo
Eis um mero sujeito-desejante
Dando asas a desejos conflitantes
Indeciso quanto ao objeto do desejo:
O amor, a amizade ou um beijo.
Justapondo-se como etapas de montagem
Atrelando-se a um molde de serragem,
Construindo um castelo de areia
Bem à margem do oceano em maré cheia.
Que futuro espera a esperança?
Diluir-se em um sonho de criança?
Ou frustrar-se, à espera de se cumprir
Tornando-se só outra maneira de fugir?
Não seria mais sábio, talvez, abrir mão
Desse sonho fadado à solidão?
Ou negá-lo, alegando que não existe
Só para ver se o próprio sonho desiste?
Por não saber qual desejo é mais desejado
Condenado à frustração está fadado,
Muito embora não duvida que ele exista
Pois sua fonte de desejos está à vista!
Por fim, sempre restará o grande sonho
Deste desejo-paixão, nunca enfadonho,
Ao qual o mero sujeito-desejante
Confia e espera, em espera constante.
Animando o espírito, o desejo pujante
Prepara para a luta qual vento cortante
Vencendo a corrente do marasmo enfadante
Dando força ao próprio desejo de ir adiante.