A moça
A moça sentada, largada na beira do mar
Deságua no peito triste a angústia por não ter
O bem que há tempos prometera infinita paz
A moça deitada, sozinha molhando os pés
Enquanto do rosto escorre o mesmo gosto do mar
E na vida se põe a pensar
Em quantos dias e noites a vida caminhará
Pra longe do peito, tão calmo, daquele tanto amar
A moça, parada, olhando o mar, escuro e sem graça
E a vida inteira vai longe dali
E a moça ainda ali
Amanhece sem nada nem ele
Procura na sacola uma garrafa
E no mar atira sem culpa
Traz de volta e sem demora
Pra que todo dia seja hora
O que há muito já mora
No peito dela e que dele se perdeu
Em todo mar uma garrafa largada
E a moça lá sentada
Que espera um poema voltar
E não volta...
Olha pra dentro, moça sem rumo
Volta pra casa
E lá vou estar