Amargo às cinco
Fez-se tarde enquanto bebia seu café amargo
Replicando seus dias até ali
Enquanto namorava suas lembranças mais doces por alguém
Assistia alguns sorrisos fáceis
E outros tão difíceis nas lembranças encurtadas
Sem companhia, bebia pouco a pouco
Fixando seus olhos n’outros mais felizes
Fez-se noite enquanto bebia seu velho café amargo
Amarrando-lhe saudades...
Enquanto a moça de vermelho lhe cruzava a vista
De laço nos cabelos, enlaçava o sorriso ainda amargo
Moça de pele branca e leve... Livre da poeira dos dias
Descreveu-a assim:
“Invadira minha solidão por ela mesma, com a voracidade que a doença invade o enfermo, ou seriam meus olhos invasores de tua beleza? Aos olhos construíra estrada desnorteada, como as que preferira, eu, em dias de amor. O sentimento era de latifúndio tomado... Tanto espaço ocupado e distribuído a ela mesma, apenas por cruzar meus sonhos amargos. Recebera escritura de meus desejos puros e impuros, por assim dizer. Fez-se conflito em tempos de trégua e entrega de armas... Fez-se pintura em tela viva, ocupação da terra vazia de tudo... Fez-se diálogo em cinema mudo”.