Tu és a minha roupa
Banho-me com raios de sol
Que traz aromas do horizonte
Abrem-se meus poros, há profusão do teu perfume ainda em mim
Ontem vesti-me vagarosamente de ti
Reforçando tuas mãos em minhas mãos
Com uma conjunção carnal quase de sangue
Vi em teus olhos tantas sementes
Afortunando o jardim dos meus desejos mais ardentes
Vesti-me de ti sem nenhuma pergunta
Sentindo a pele e o sexo amaciados
Em meu tato teus afetos
Em minha boca teu leite quente de pecado
Eu em tua boca roçando teus dentes
E repousando com um beijo adocicado
O luar quando minguou ondulações
Trouxe a noite seus dilemas
Tergiversa penumbra a escorrer das mãos do céu
O sol gritando o meu nome.
Tu dormias em meu dorso calmamente
Toquei em ti com gigantesca emoção
Beijei teus olhos jubilosos, sonhadores
Alvissareira, festejei tua respiração.
Vislumbrei o sol a empurrar as brumas
Um dia a mais estava nascendo
E eu sempre querendo vestir-me de ti.
Veste-me, veste-me, veste-me...