O poeta RayKorthizo Perez, numa charge do artista Marcelino, no ano de 1983.
OUTROS VERSOS, EU OS ESCREVEREI
"É absurdo pensar que o único meio de saber se um poema é imortal seja aguardar que ele perdure. Quem sabe ler um poema deve poder dizer, no momento em que é por ele atingido, se recebeu ou não um golpe de que nunca mais se curará. Significa isto que a perenidade em poesia, como no amor, aprende-se instantâneamente; não necessita de ser provada pelo tempo. A verdadeira prova de um poema não reside no fato de nunca o havermos esquecido, mas de nos apercebermos imediatamente de que jamais poderemos esquecê-lo." (ROBERT FROST)
Não vou fazer estes versos,
outros versos, eu os farei,
mas, estes, não!
Vou ler antigas cartas de um amor
que existe em mim.
Ouvirei músicas,
músicas que lembram-me de você.
Depois sonharei.
Sonharei com os teus olhos,
com a suavidade de tua voz,
com a ternura de tuas mãos macias,
macias como o veludo.
Depois lembrarei.
Lembrarei das flores em teu sorriso
lindo, incandescente, meigo,
brilhante...
Imaginarei.
Imaginarei uma praia isolada,
o teu corpo perfeito, belo,
que vem, que vai...
cheio de graça,
quando passa
no embalo suave do andar,
no mexer e remexer as ancas.
Depois,
envolver-te-ei
em nuvens de beijos,
em chuvas de carícias,
em ventos de desejos.
Não vou fazer estes versos.
Eles morrerão
em minha inspiração,
semente que não fecundou o chão,
morrerão,
sem que ninguém os saibam;
para sempre, existirá a tristeza,
o desespero de não os escrever,
semente
que não fecundou o coração,
somente
a frustação do sonho,
mágoa profunda da inspiração.
Escreverei outros versos,
mas, estes, não os posso escrever.
Sim,
outros versos, eu os escreverei!
OUTROS VERSOS, EU OS ESCREVEREI
"É absurdo pensar que o único meio de saber se um poema é imortal seja aguardar que ele perdure. Quem sabe ler um poema deve poder dizer, no momento em que é por ele atingido, se recebeu ou não um golpe de que nunca mais se curará. Significa isto que a perenidade em poesia, como no amor, aprende-se instantâneamente; não necessita de ser provada pelo tempo. A verdadeira prova de um poema não reside no fato de nunca o havermos esquecido, mas de nos apercebermos imediatamente de que jamais poderemos esquecê-lo." (ROBERT FROST)
Não vou fazer estes versos,
outros versos, eu os farei,
mas, estes, não!
Vou ler antigas cartas de um amor
que existe em mim.
Ouvirei músicas,
músicas que lembram-me de você.
Depois sonharei.
Sonharei com os teus olhos,
com a suavidade de tua voz,
com a ternura de tuas mãos macias,
macias como o veludo.
Depois lembrarei.
Lembrarei das flores em teu sorriso
lindo, incandescente, meigo,
brilhante...
Imaginarei.
Imaginarei uma praia isolada,
o teu corpo perfeito, belo,
que vem, que vai...
cheio de graça,
quando passa
no embalo suave do andar,
no mexer e remexer as ancas.
Depois,
envolver-te-ei
em nuvens de beijos,
em chuvas de carícias,
em ventos de desejos.
Não vou fazer estes versos.
Eles morrerão
em minha inspiração,
semente que não fecundou o chão,
morrerão,
sem que ninguém os saibam;
para sempre, existirá a tristeza,
o desespero de não os escrever,
semente
que não fecundou o coração,
somente
a frustação do sonho,
mágoa profunda da inspiração.
Escreverei outros versos,
mas, estes, não os posso escrever.
Sim,
outros versos, eu os escreverei!