Segredo imortal
Choro por essas curvas incertas da vida
Perdido nas sombras desertas a pairar
Não penso sequer coisa sentida
Se vago na vida, é de tanto sonhar!
Sei que mais parece páginas rasgadas
E um sótão de lágrimas partindo
Como choro que sufoca razões do nada
Choro que parte como se partisse vindo.
É como abater no peito feito n'alma
E de pouco cansaço já fraquejasse
Nas linhas do tempo algo que não se apaga
Como se o tempo distante parasse.
É uma agonia nesse não querer sentir
Num momento é tudo, n'outro é nada
Perdido no sentimento de lágrima sufocada
Por desatento um pedaço de mim.
Se ninguém a sentir, tão só eu sei
Nessas fibras não só feridas e prantos
Há medos e lembranças jamais divididas
Desalentos que doem tanto!
E assim, sentindo, tudo é tão fatal
Nas sombras da vida segredos
Mas como amar pode dar medo?
Se o amor é mesmo mil vezes imortal!