LIVRO DE BOLSO
Gostaria de ter aptidões literárias para
escrever um livro. Não havia a necessidade
de ser um glossário ou uma espécie de léxico,
talvez um livro de bolso onde coubesse toda a
a minha história, seria o ideal.
O prólogo teria cenas quando de minha infância,
os traumas sofridos e até hoje sentido,
depois que fui retirado de seio de
minha família.
Durante um século vivido em quatro
anos passei em colégios interno, e
foi ali que aprendi coisas até
então desconhecidas.
Rígida disciplina, obediência total
aos sisudos sacerdotes, hora para se
deitar e levantar, compor a cama e fazer
o rol da roupa suja, isso tudo com oito anos
de idade, e tendo que suportar uma saudade imensa
de minha mãe.
Então, a saudade é uma velha conhecida ela
que se encarregava de enxugar minhas lágrimas,
e por esses fatos e outros estou propenso a pensar
que herdei uma depressão em função de ser
retirado do local mais sagrado que é o lar.
Esta história seria o conteúdo desse pretenso
livro, cujo episódio tão distante, mas ao mesmo
tempo tão presente, me faz recordar que não
tive tempo de ser uma criança.
Depois então quando passei a enxergar
o mundo me apaixonei, como na
primeira etapa também não houve
tempo de abraçá-la, e a vi desaparecer
como a água que desaparece entre o
vão dos dedos.
Esta é a minha história, só
que o sentimento que senti
até hoje permanece comigo, e não
obstante ter envelhecido ainda assim amo...