Coração imune
Meu coração está imune
Contra os dardos inflamados
Do teu olhar que tanto pune
De ciúme envenenados
As águas já passaram
Estão inertes os moinhos
E nem ventos mais restaram
Prefiro assim sozinho
Nas madrugadas já não sinto
A solidão que outrora havia
Derramou-se o vinho tinto
Manchando a terra fria
Já não sou mais teu
Pois desperdiçastes dos favos o licor
Vou me embrenhar dentro de mim, no próprio eu
Juntando os pedaços de uma dor
Vou deixar que percorra lentamente
Pelo chão essas gotas lancinantes
De um cálice bebido entrementes
De lábios outrora tão amantes...