MULHER
MULHER
Tolda-se teu sorriso de pradarias
Quando teus olhos choram por mim,
Tens nas mãos odes de alegrias
No coração um infinito sem fim!
Caminhas na determinação do tempo,
Sulcas os pensamentos de ideais de Liberdade
Palpita-te o coração naquele momento
Em que convertes a dor do amor na saudade!
Cheiras a jasmim, rosas, incenso,
És divina, deusa sem areópago ou altar,
Mais alta que o céu, mais pura que o luar,
Calma, pensante no teu remanso!
Coras na carícia da madrugada,
Navegas sem vela, sem remo nem leme,
Desvendas o corpo em troca de nada
Como quem se dá em amor perene!
Nas mãos tens a força e nos seios alimento,
Calor no peito que afaga o perdão,
Tens nos lábios o sol quente de verão
O pão que dá força, dá alento!
Choras no quarto a sozinha tristeza,
Resplandeces a alegria da Primavera,
Coroas de grinaldas a amizade sincera
E beijas teus filhos com avareza!
Na praça cantas hinos de esperança,
Em casa cozinhas cheiroso repasto,
Calas a dor na espera da bonança,
Imprimes na areia a mágoa do rasto!
Vives no mundo as dores do nascer,
A alma acalenta desejos de paz,
Sonhas no leito com o alvorecer
De novos mares em calma voraz
Trazendo naus repletas de canções
E novas longínquas de terras e infinito
Que a ausência transforma em ilusões
E calas no âmago do teu sofrer, do teu grito!
És sangue e suor, vontade e querer,
Facho, castelo, espada e brisa,
Mãe, avó, irmã, esposa, poetisa
Na singularidade apenas de seres MULHER!
José Domingos
08.03.2012