À moda antiga , para um amor antigo

Quando a mágoa descer sobre o teu corpo

qual raio de lua que dorme sobre o mar,

lembra-te de mim, dos traços do meu rosto:

- painel de flores pintado no teu ar.

Quando a noite preencher teu universo,

apagando a luz destes meus vagos versos,

lembra-te do que fui, um dia, em tua vida:

-apenas um murmurar disperso,

fonte cortando o deserto

do teu ser covarde,

na areia consumida.

Lembra-te de mim na tua eternidade,

quando te bater à porta o anjo da verdade,

e te der vontade de voar pra trás,

que foste somente no livro do meu tempo

mancha insistente, borrão de sentimento

que eu, finalmente, já consegui limpar.

(Direitos autorais reservados. Da série "Ventos e Cantos" - Rio de Janeiro, 1990)

Lúcia Constantino
Enviado por Lúcia Constantino em 20/01/2007
Reeditado em 03/06/2011
Código do texto: T353656
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