À moda antiga , para um amor antigo
Quando a mágoa descer sobre o teu corpo
qual raio de lua que dorme sobre o mar,
lembra-te de mim, dos traços do meu rosto:
- painel de flores pintado no teu ar.
Quando a noite preencher teu universo,
apagando a luz destes meus vagos versos,
lembra-te do que fui, um dia, em tua vida:
-apenas um murmurar disperso,
fonte cortando o deserto
do teu ser covarde,
na areia consumida.
Lembra-te de mim na tua eternidade,
quando te bater à porta o anjo da verdade,
e te der vontade de voar pra trás,
que foste somente no livro do meu tempo
mancha insistente, borrão de sentimento
que eu, finalmente, já consegui limpar.
(Direitos autorais reservados. Da série "Ventos e Cantos" - Rio de Janeiro, 1990)