Amor, Vinde Aos Meus Braços!
Como tu podes tanto me amar,
Se sou uma rocha enferma e insensível?
Como consegues com tuas palavras me abraçar,
Se sou apenas um nome áspero e inexprimível?
Quero te amar mais do que as imaginações,
Os significados e definições do amor podem transbordar.
Quero ser o sol de tuas auroras que acaricia o teu acordar
A cada instante dentro de nossos trêmulos corações.
No entanto, peco contra o sagrado pecado
De não pecar as obediências do amor que sinto
Pelas luzes e escuridões de teu Ser alado,
O qual chove pétalas de fogo no âmago de meu recinto.
Desejo te comunicar com todas as palavras e expressões
O meu amor por ti que, ao querer te falar, encolhe-se e se cala.
Meu sentir blasfema contra esta minha razão que não declara
Todos os tufões de arco-íris líricos por ti de minhas emoções.
Há entre duas pessoas apenas frustrantes analogias,
Tentativas tão cansadas de infinitamente breves aproximações?
Afagamos o que pensamos ser a outra pessoa essas vãs teologias,
Que esculpimos dentro de nós como se não fossem alucinações?
Por que queremos acreditar nesse fantasma de amor teatral?
Entender plenamente a profundidade de si mesmo
É como um barco ofuscado pelo Mar do Esmo?
É se entregar insensatamente a um corpo estranho, impossuível e banal?
As mesas e as cadeiras reclamam para mim tuas ausências,
As cores e os perfumes de pensar e viver emudecem em mim
Ao apenas tocar a lembrança de teus olhos gritantes de transcendências,
Que cultivavam o sublime, o belo, o inefável na esterilidade de meu jardim.
Vinde de novo, ó Horizonte do instante eterno consagrado
Onde nossas almas eram um só vaso de infinitos mistérios.
Inundai com tuas lágrimas redentoras esses torpes cemitérios
Onde minha alma por teu amor cálido é secretamente devorado.
Gilliard Alves