Diabruras na Sacada...
Todo dia ele chegava em casa cansado demais
Eu quero...Ah eu quero um cafuné moça de Batatais
Mas ela apenas lhe dava um beijo no rosto toda prosa
No centro da mesa um vaso com uma singela e solitária rosa
Um banho quente para o corpo dele relaxar
Amenidades e descontração gostosa na hora do jantar
Louça limpa no escorredor da pia
Na pequena cozinha cada roçar descuidado de pele arrepia
Ele nota a simplicidade mais o capricho da mesa
Enlaça a moça pela cintura e rouco sussura:
Morena hoje tem sobremesa?
Ela responde toda dengosa que fez pudim
Que culpa ela tem de ter nascido manhosa assim
Enquanto ele vai afoito assaltar a geladeira
Ela desliza óleo no banho assim se perfumando inteira
Camisola discreta e bem comportada
Olhar perdido e suspiros femininos furtivos na sacada
Ele se aproxima bem devagarinho
Pelo tecido fino da camisola vê o estremecimento dela pela falta de carinho
Assim na sacada tão indefesa ali de pé
Vê a menina que a meia luz se sente mulher
A enlaça pela cintura enquanto morde o lóbulo de sua orelha
Cuidado! O bom senso sempre aconselha
Sente acelerar a sua respiração
É como aguardar a sobremesa confortavelmente em cima de um ativo vulcão
Lá fora se houve o barulho da correnteza do rio
Cinderela faz charme dizendo que esta arrepiada de frio
Ela até jura pela luz que vem lá do céu
Só para ouvir ele dizer:
Vem para os meus braços querida Raquel!
Então como uma gatinha ela ronrona e se aninha no seu peito
Vendo por cima dos ombros o modesto leito
Nada de lençóis de cetim
Nada de pétalas de rosas
Depois daquele delicioso pudim
Para fechar a noite com chave de ouro
Todos os dengos e caprichos dessa morena carinhosa
E não tem problema se o lençol for simples e de algodão
Absorve melhor o suor ainda mais quando ele exala paixão
E esse xamego atravessa a madrugada
Fazendo diabruras na sacada
Mas tudo com muito jeitinho
Porque acredito que nada vale a pena nessa vida
Se não for feito com muito carinho...