Teus olhos
Teus olhos dizem
Que o acaso seria sempre sério
Como um café que se pede na esquina
E o outro que te cruza à porta
Teus olhos dizem
Que o acaso seria sempre sério
Como dois relógios que marcam a mesma hora
Enquanto um foge da aula
E o outro amarra o cadarço
Teus olhos dizem
Que o acaso seria sempre sério
Quando aquele vê a lua da janela
E aquele que sonha estar perto da lua
Teus olhos dizem
Que o acaso seria sempre sério
Como quando um ouve Buarque e toma um vinho
E o outro lê Vinícius antes de dormir
Teus olhos dizem
Que o acaso seria sempre sério
Como quando se escreve num caderno antigo
E o outro procura um novo amor
Teus olhos dizem
Que o acaso seria sempre sério
Como a noite que dura mais no quarto dela
E por ela faria o tempo parar a noite toda
Teus olhos dizem
Que se não houver acaso
Que por ela se fará
Que o acaso é a flor que lhe foi dada
O poema a ela dedicado
A certeza do amor pelo outro
Teus olhos dizem
Que mesmo sem acaso
Ele vai te abraçar no fim
E se disseres “sim”
Tão logo num abraço seja dele
Tão breve tire toda dor daqui
Será por um acaso toda vida assim