A Lebre e a Febre


Ainda é madrugada de um dia qualquer
Minha mãe esta na cozinha coando o café
Tenho em casa um exemplo de mulher
Bate na porta do meu quarto dizendo:
Hora de levantar Raquel !
Viro para o lado e cubro a cabeça
Só mais cinco minutos por Deus no céu
Nem um minuto a mais
Melhor não contrariar a mãe da moça de Batatais
Levanto e já deixo minha cama arrumada
Foi só mais uma noite em que deixei de ser amada
Vejo pela janela as luzes da cidade acesa diante de mim
E no espelho a vermelhidão da minha face sempre carmim
O termômetro indica 40 graus de febre
Fecho os olhos e deliro que sou uma lebre
Indefesa sempre fugindo do predador
Não sei porque as moças sempre ficam febris diante do amor
A lebre se sente livre quando corre pelas verdejantes campinas
A mesma liberdade que sinto ao escrever meus devaneios de menina
Quando a lebre ergue as orelhas e pressente o perigo
Fica inerte no chão
Quando tenho medo procuro por teus braços como abrigo
Sinto o encaixe perfeito entre o meu busto e o seu coração
A frágil lebre gosta de se alimentar de folhas e frutas saborosas
Com o corpo queimando de febre aí sim é que eu fico manhosa
Mas ela vai para a floresta a saltitar
Também me apresso em logo me arrumar
É mais um dia chuvoso que vai começar
A lebre segue seu caminho em paz
Dengosa vai deixando um rastro de saudade para trás
Enquanto eu saio apressada deixando um bom dia aos meus pais
Não vejo pecado entre os animais
Afinal por dentro somos todos iguais
Se escondendo lépida entre os campos e os milharais
Esta a lebre e toda a sensualidade da moça de Batatais...




                                


 

Raquel Cinderela as Avessas
Enviado por Raquel Cinderela as Avessas em 11/01/2012
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