a borboleta na vidraça
Em indecifrável tormento,uma borboleta tocava a vidraça,
Num estranho sinal,embalde à mim,se debatia
Cativo aos meus desejos,não percebia a desgraça!
Morria,pouco a pouco,alada criatura, terrível agonia
Nascera,qual pétala flutuante, à beijar corolas multicores,
Sobre as flores, mera lembrança, pontinho amarelo...
Que de exultante alegria,porém,antevia seu ciclo de dores.
E eu rastejante sobre a terra,ante a beleza,tornava-me cego...
Numa manhã de primavera a vi,radiante,se assim me lembro,
Era vez primeira que senti uma deliciosa saudade
A borboleta nascera qual divina criança no mês de Dezembro
E num cantar de Natal,minha alma,viveu a realidade...
Esforço vão,fracassado afã,abri, movimento brusco, a janela.
Ah!Que um aperto premiu,bem no fundo,o meu peito!
Quando vi que o gracioso corpinho jazia,com su'asas tão belas...
Sobre as mãos,acalentei a doce criatura, delicado jeito.
Em sussurro,qual brisa tocando minha chorosa face,
Quase cantando berceuse da morte,um triste acalanto...
“Amigo,vivi de ventura infinda,sem esperar que tudo acabasse."
Contempla,assim,do amor a maravilha e sinta agora ,o encanto!
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