ROUBASTE MINHA POESIA...
Não mais escrevo. Tu me roubaste a verve,
Pois a Musa antiga, que me dizia “Escreve!”
Trouxe a Realidade. E disse: “Prá que serve
Escrever, esperar tanto?... O Amor prescreve!...”
E neste tempo, em que sobrevivo agora,
Em que roubaste o Amor, pela Desesperança,
Sou eu impotente: o Amor já foi embora
Junto com meu Sonho, o que jamais se alcança!...
Eu não quis ver: te amei, sonhei! Tu apenas
Mataste o meu Amor por pura covardia
E sentenciaste a mim a mais cruel das penas:
Saber-me usado o Amor em que me dei completa,
Para o teu brinquedo, sem dó nem galhardia,
E que, por teu deleite, roubaste de mim a Poeta...