A teia que teço: liberdade e desapego, paixão que não tem fim
Você, que deixa migalhas de pão para poder voltar...
Eu, que não fantasio nesses caminhos, que simplesmente habito essas terras em minhas noites de lua e dança, que não deixo migalhas, que gostaria de perder o caminho de volta e ficar por lá. Eu, que tento mostrar o verde, que aceito todas as derramas, as fantasias, as loucuras e ainda oferto amor. Eu, que deixo a porta do arco-íris aberta a que entre. Que o convido para as refeições ao meu lado, que perfumo o chão com alfazema e aliso os lençóis para que nenhuma nesga possa ferir sua pele. Eu, que ando descalça pois meus chinelos estão à porta para que deixe seus sapatos ao seu lado. Eu, que te mostrei estrelas de outras cores e outros brilhos, que perfumei folhas comuns para que se sentisse feliz, que o alimentei com palavras de todos os verbos, que o acalentei, que fui até sua cama e fiquei quieta, ofertando meu calor aos seus medos diários, que o embalei nos braços em suas noites de insônia e levei um cheiro de rosas, que o faço olhar para o melhor, que o trago ao gosto do sexo e vida, que me embrenho pelos teus fascínios aceitando-os e abrindo espaços para tua dança...
Porque...
A teia que eu teço
é a teia que nos laça
de paixão em excesso
vinho-enredo na taça;
A minha voz mergulha em mel para tecê-la
e meu coração recheia-se de chocolate,
minha pele é doce a que possa lambê-la
e é todo feito de carinho o arremate;
Amarro sonhos com gosto de amanhã,
teço em pontos certos como pequenas uvas,
minha boca morde os nós com gosto de maçã
e lavo a teia pronta nas águas das chuvas;
Te entrego como presente a teia do meu dia,
meus momentos de você no tudo que teço,
- oferto a trama como quem acaricia -
o teu mergulho em mim, em laço e arremesso.
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