Chão de Estrelas
[E porque a letra dele reluz como ouro, e porque seu talento é a mola mestra que faz com que a minha letra, capenga na maioria dos dias, flua em intensidade, e porque ele é a inspiração, a magia, a aura de luz; eu possa escrever estrelas]
"... A porta do barraco era sem trinco
E a lua furando nosso zinco
Salpicava de estrelas nosso chão
Tu pisavas nos astros distraída
A mostrar que a aventura desta vida
É a cabrocha, o luar e o violão ..."
(Silvio Caldas e Orestes Barbosa)
Eu te trouxe, lá da feira, uma fruta doce
e cortei devagar e com carinho cada naco
desenhando na carambola como se fosse
estrelas coloridas dentro do barraco
espalhei pelo chão e fiz um caminho
de frutos e pétalas de rosas até nosso leito
um canto enluarado, pequeno, apertadinho
do nosso ninho de amor, feito leite de peito,
sugado na fonte pela tua boca esfomeada
e derramado, quente, em gotas pelo teu corpo
lambido, depois, por tua fêmea voraz e amada
que se alimenta do teu outro leite, nesse porto
nesse abrigo dos teus braços, como um Universo,
que nos leva à espaços amplos, desmedidos
de paixão, desejo - êxtase destilado em verso -
salpicados de astros, canções e frutos proibidos.