No berço nunca ouvi " nana neném " para dormir, colocavam as músicas de Nelson Gonçalves para embalar meu soninho e eu fui crescendo e gostando cada vez mais. Hoje já sou uma moça e trago dentro de mim o romantismo e a nostalgia que ele cantou com tanto amor. Nelson Gonçalves hoje, quem escreve para você sou eu. Meu nome? Ninguém...



Meu Nome é Ninguém


De todas as mulheres que ele teve outrora na mocidade
Essa com certeza é a mais caprichosa na sua pecadora ingenuidade
Na juventude febril tratava as mulheres de forma banal

Agora depois de décadas esperava por essa irremediavelmente sentimental
Por um momento se pegou ajeitando o travesseiro branco de linho
Havia até se esqueçido como homens maduros também gostam de carinho
Andando pelo quarto ansioso nem parecia aquele fanfarrão de tempos atrás
Seus braços ansiavam pelo corpo e a alma da moça de Batatais
Assim que o trinco da porta se abriu
Ela entrou e para ele docemente sorriu
Dizendo toda dengosa
Com lábios num tom ávido de rosa
Meu nome é ninguém !
Ele a enlaçou pela cintura

Seu machismo foi derrotado pela cândura
Sentiu na pele aquele arrepio do querer bem
Ninguém é meu nome também!
Então sua vista escureceu
Um beijo apaixonado entre os dois aconteceu
E a luz do quarto foi apagada
Pela primeira vez o boêmio temeu a madrugada
Os anos não roubaram nem a ternura e nem o fervor
Descobriu que a experiência do homem é que conduz a mulher ao amor
Os dedos trêmulos tocando a pele dela
Aquele cheiro de rosas molhadas de orvalho entrando sorrateiramente pela janela
E a brisa teimosa esvoaçando a cortina
Com todo cuidado fez mulher a menina
Deixando marcas pela cama de batom
Sussuros e suspiros com inaudíveis sons
E depois de tanto amor na noite fria
Aconchega nos braços a moça que satisfeita adormecia
Ele a olhava com a nostalgia da moçidade
Foi o beija-flor da flor que só desabrochava por um amor de verdade
Tocou o corpo dela como um fino papel
Onde as mãos dele escreveram uma poesia romântica chamada Raquel
Até o raiar do sol ela seria somente sua
Depois ébrio de amor ele seria apenas um boêmio de rua
Deixando sobre a cama a poesia deflorada e nua
Ao qual ele chamou a noite adentro de meu bem
Mas agora sentindo saudades e o perfume dela até no além
Quando perguntam seu nome não reluta:
Meu nome é ninguém...






                                


 
Raquel Cinderela as Avessas
Enviado por Raquel Cinderela as Avessas em 24/11/2011
Código do texto: T3354636