ERA TODO MEU O TEU SABOR
Teus lábios têm o gosto mais ousado que já provei;
O teu cheiro rescendia o paraíso das águas mais oculto;
Teu corpo, sinfonia de loucos, estruturava os jardins do Éden;
Teus olhos, desiguais em seus brilhos, logravam minh’alma
Com a correnteza do Nilo que habita em mim.
Tua voz arrastava-se pelas ruas do meu ser
Como um tapete mágico do Oriente – coração;
Teu respirar era o pulmão da floresta mais virgem,
Tentando mostrar vida em lugares que apenas
Avistava dor.
Teu andar assimilava-se na força como uma
Marcha de soldados decididos a dar sua vida
Pela pátria – pátria essa que és você em mim.
Teu coração possuía batidas declaratórias,
Gritava meu nome em meio a solidão.
E eu, escrava das minhas juras, procurei-te
Entre ruas, fugas, almas e moinhos...
Eras, acima de tudo, o que continuas sendo em mim,
Mesmo distante, dividido em mil partículas de amor...
Porque você se torna exatamente quem sou, habitando
Meus mistérios. E me detecto em tuas ações
Que cancelam as minhas.
Mas tu não eras apenas sabor.
Era todo meu.
Todo meu amor.
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