A Cúmplice da Lua


Quando o sol se põe
Leva consigo a alegria da moça de vinte e poucos anos
Quando a noite vem
Traz consigo a cumplicidade e a nostalgia da moça dos desenganos
Sem vozes e passos na calçada
Ela abre a janela para mais uma madrugada
Depois do banho retira a maquiagem
Envolve no corpo o felpudo roupão para protegê-la da friagem
Enquanto penteia o breu dos cabelos
Tentando esconder do espelho todos os seus mudos apelos
Se deita na cama
Folheia e tenta em vão se concentrar num livro de drama
Um gole d'água acalma a garganta seca de dor
Mas ninguém consegue dormir com o corpo formigando de amor
Então ela pega no criado lápis e papel
E se entrega de corpo e alma ao amor mais uma vez Raquel
A medida que suas mãos a poesia vão escrevendo
Lágrimas no seu rosto também vão lentamente escorrendo
Como se toda noite ela morresse de amor para continuar vivendo
No texto ela é uma mulher que procura sua alma gêmea
Na vida só uma menina sonhadora espalhando hidratante sobre a pele morena
E se na poesia ela as vezes parece envolvente e sedutora demais
Essa noite chora só de olhar a lua a romântica moça de Batatais
Hora de descansar
Não tarda e o sol de novo irá raiar
Desliza do corpo dela o perfumado roupão
Beijando em silêncio o rústico chão
Dengosa ela se vira e apaga a luz
Olhai sempre por mim Jesus
E ali naquela cama fria ela adormece aparentemente sem dor
Estende os braços como quem procura um peito protetor
Se enrola como uma gata manhosa no cobertor
Ali seu corpo é livre
Não é escravo e nem tem senhor
Porque ela é simplesmente
Uma mulher que ainda crê no amor...






                                


                               

 


 

Raquel Cinderela as Avessas
Enviado por Raquel Cinderela as Avessas em 10/11/2011
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