Aparto a mim, amor, amado e manifesto
Aparto a mim, amor, amado e manifesto,
amante, estado de profunda deslembrança.
Esquece a vida no relento da noite, esperança
de ver-te assim, ali, comigo ao relento.
Das doces e puras palavras o contentamento,
das vezes poucas que vi tampouco olhar-me.
Notório amor, solitário, a contaminar-me
de dor, de amor, de cor e pensamento.
Esperei tanto, em tantas noites estive amargo,
do cetro o mago, da espada o cavaleiro, da vida o tempo.
Que faço eu agora se não posso falar-te?
Ouvir assim, somente ouvindo meu pensamento,
e tanto assim me vi sozinho que cheguei ao fim.
Desgraça minha, terminei morto por tanto amar-te!