Aparto a mim, amor, amado e manifesto

Aparto a mim, amor, amado e manifesto,

amante, estado de profunda deslembrança.

Esquece a vida no relento da noite, esperança

de ver-te assim, ali, comigo ao relento.

Das doces e puras palavras o contentamento,

das vezes poucas que vi tampouco olhar-me.

Notório amor, solitário, a contaminar-me

de dor, de amor, de cor e pensamento.

Esperei tanto, em tantas noites estive amargo,

do cetro o mago, da espada o cavaleiro, da vida o tempo.

Que faço eu agora se não posso falar-te?

Ouvir assim, somente ouvindo meu pensamento,

e tanto assim me vi sozinho que cheguei ao fim.

Desgraça minha, terminei morto por tanto amar-te!

J Neves
Enviado por J Neves em 07/11/2011
Reeditado em 11/09/2012
Código do texto: T3322971
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