CHUVAS DE VERÃO
No rolar da água fria
Pelo vale da imensidão,
Na fúria tempestuosa
Avança sem muita prosa
Sem destino e sem direção.
Meigo como um cordeiro
Tempestivamente é castigado,
Com pureza de intenção
Compreendido ou não
Quase sempre é condenado.
Útil para a humanidade
Como o sol e a chuva são,
Bamboleia na floresta
Obedecendo a orquestra
Dos rugidos do leão.
Meu coração lagrimeja
No orvalho da emoção,
Canta, dança, ri e chora
Enfim só espera agora
A esperada chuva de verão.
Minha vida é uma chuva que cai
E escoa em seu leito cristalino,
Levando consigo a certeza
E alimentando a natureza
Desde o vale até a colina.
Esta chuva tempestuosa
Traz vida, e também a morte,
Faz germinar a vegetação
Mas também traz destruição
Destruindo o fraco, e o forte.
O som da chuva no telhado
Para muitos é melodia,
Mas no meu, ela faz estrago
Faz eu sentir o gosto amargo
Do furor da chuva fria.
Os relâmpagos atingem meu ser
Ferindo de morte meu coração,
Na arena da vida me digladio
Contra os raios e o vento frio
Destas chuvas de verão.
J. Coelho