Consistente Como Fumaça



Quando dizes que o que sinto por você é paixão
Eu fujo desesperadamente gritando aos quatro ventos que não
Nas suas noites solitárias e sem fim
Sob o cobertor suas mãos ansiosas procuram por mim
Sua consciência aponta o dedo
Um resquício de dignidade te faz recuar com medo
E eu ouço sua voz me chamando de minha menina
Bem devagar aos poucos vou me desenrolando da esvoaçante cortina
Venho assim toda vestida de vento
Coberta da cabeça aos pés e nua em pensamento
Quando vou cobri-lo com o limpo lençol
Ele sonha inconscientemente que estamos nos amando ao pôr do sol
Me puxa para si
E descansa meu corpo o deitando no macio colchão
Prendendo meus braços como se fosse me amar pela primeira vez no frio chão
Enquanto as cores do verão se misturam na profusão do céu
Naquele final de tarde quem desperta para o amor é a inconfundível  Raquel
Como a poesia corre sorrateiramente para o papel e a pena
Eu corro para os seus braços
Moldando a ele o corpo suado e selvagem dessa morena
Mentiu descaradamente quem jurou não me machucar jamais
Mas agora é você que tem o poder de escolha moça de Batatais
Criada a beira do rio ela vem descalça até o cais
Vestido simples mais molhado grudado as curvas do corpo
Faz ferver nas veias o sangue ralo do rapaz
Mas se é paixão logo passa
Porque a paixão é consistente como fumaça
Deixa ele sonhar que me entrego ao pôr do sol
E que para esconder toda a minha sedução basta apenas um mísero lençol
Seu destino já esta traçado e não tem solução
Homem sem caráter o fim é a fria solidão
Toma no buteco da esquina caipirinha com mel
Porque no fundo é tão fraco
Que se embriaga até com o perfume que exala dos longos cabelos negros de Raquel...










                              
                                                           Tudo nessa vida vale a pena mais somente se a alma não for pequena. Caso contrário sinto muito mais não tenho pena, sentirá só o cheiro dessa morena...                                               


                                                                  
                                                                

                                                                             




 

Raquel Cinderela as Avessas
Enviado por Raquel Cinderela as Avessas em 31/10/2011
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