A ESTRELA DO REI

Pensei em ti nas horas da saudade

quando transbordava de vaidade

e passeava sob o lado escuro da rua;

Pensei então se existe verdade

e este louco devaneio só extenua

que a verdade vem da boca que é tua!

Oh mulher das estrelas do rei

como te ausentas do meu coração!

Estas horas são amargas

como se tudo fosse nada

então te penso e de te pensar

e te querer e te chamar

aumenta e diminui a solidão

até enfim tu escutares

minha voz reverberar perdidas vezes

no silente mundo das probabilidades

e mesmo deste abismo me elevarei

para ver sempre que brilhares

Oh Estrela do Rei!

Este clamor rejubilante

dignifica então o resto do homem

que persiste seu caminho andante

atrás do horizonte que some

entre tantas nuvens no céu vacilante,

nessa extrema incerteza

vem o reflexo de tua pureza

do ponto mais brilhante

é lá que encontro a minha paz

e sigo sempre em frente e jamais

vacilo deste caminho por que sei

que onde estiver tu me verás

e eu mais uma vez e sempre te verei

Oh Estrela do Rei!

A inocência some com o tempo

e chega ao ponto de não querermos mais

esta indiferença que no mundo jaz

e estamos prontos a todo o momento

atentar contra o primeiro na nossa frente

corre risco, corre estrada, corre madrugada

tudo preste a rebentar em fúria demente

até lembrar da confortante estrela clara

que de onde esteja ilumina a alma

guiando por vielas fora da loucura

divisando no motivo sua busca

o caminho donde enfim terei

uma representação sua

Oh Estrela do Rei!

Apego-me a ti já sem direção

guiado por tua fonte luzidia,

aonde os céus juntam-se a terra

e essa fera presa que fugia

se alegra desta rica imaginação

das coisas que são certas.

Vejo retidão por todo lado

crianças repousando em seu colo

e por mais que finja calado

quando te vejo eu choro

uma alegria quase muda

pelo fim desta rua escura

por onde desde sempre andei,

agora posso repousando vejo

mais viva a luz do teu lampejo

Oh Estrela do Rei!

Aproximo-me sem receio

Tu estás por toda parte

Na roupa que visto

No pássaro alvoroçado

Nas irmãs e no padre

No colóquio do amigo

e logo essa presença maçante

de tudo que em idéia é

sem te ver mulher

foi me dominando veloz

e do grito entoado a voz

disse-me que era contra a lei

desejar te amar o homem

Oh Estrela do Rei!

Tu estavas presa naquele lugar

que eu próprio te arranjei

residias na beleza planejada

dos versos em que te clamei,

sem saber direito o que fazia

teci tua alma em uma linha

que em ti não existia

e sem ti não sobrevivia.

Essa ilusão de nunca te ter,

plantou a dor amarga e fria

cuja semente só fez crescer.

Foi assim que abandonei

Aquele paraíso perfeito

Porém o amor no meu peito

reacende a cada instante

em que me lembro que te amei:

pelo dia de nossa existência

eu te esperarei

Oh Estrela do Rei.

(Do Livro "Para Ninguém")

Diego Duarte
Enviado por Diego Duarte em 31/10/2011
Reeditado em 25/02/2013
Código do texto: T3309106
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