UM CORPO E DUAS ALMAS

Corpo franzino quase menino

No almejar de seu querer,

Gostando de uma jovem alma

Alma menina, alma mulher.

O corpo se unindo à alma

Vivendo um sonho a dois,

Aparentando uma vida calma

Fazendo planos pra depois.

No decorrer de seus dias

Na monotonia de seu viver,

Eis que surge uma outra alma

Sofrendo e fazendo sofrer.

Era um corpo com duas almas

Vivendo na confusão,

Passando dias e horas

Dividindo seu coração.

O confronto das almas

Transformou o curso da vida,

Passando de uma vida calma

A outra quase perdida.

Cada alma tomou seu rumo

Com os laços virando nós,

Vivendo este corpo sem alma

E as almas vivendo a sós.

No tédio da vida a sós

Imbuído pelo sentimento,

Mantem esta alma ausente

O desejo de ressarcimento.

Pensando neste corpo sem alma

E no fruto desta união,

Sofre fruto corpo e alma

A dor da desunião.

Por mais que este corpo sem alma

Tenha tentado a reconciliação,

Mais forte foi a indiferença

E a força de uma traição.

Hoje uma alma já partiu

A outra vive a liberdade,

Vive hoje o corpo sem alma

Adotado pela humanidade.

Sem saber de onde venho

Nem p’ra onde irei também,

Vivo asilado no mundo

Nos braços de outro alguém.

J. Coelho

José Coelho Fernandes
Enviado por José Coelho Fernandes em 31/10/2011
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