UM CORPO E DUAS ALMAS
Corpo franzino quase menino
No almejar de seu querer,
Gostando de uma jovem alma
Alma menina, alma mulher.
O corpo se unindo à alma
Vivendo um sonho a dois,
Aparentando uma vida calma
Fazendo planos pra depois.
No decorrer de seus dias
Na monotonia de seu viver,
Eis que surge uma outra alma
Sofrendo e fazendo sofrer.
Era um corpo com duas almas
Vivendo na confusão,
Passando dias e horas
Dividindo seu coração.
O confronto das almas
Transformou o curso da vida,
Passando de uma vida calma
A outra quase perdida.
Cada alma tomou seu rumo
Com os laços virando nós,
Vivendo este corpo sem alma
E as almas vivendo a sós.
No tédio da vida a sós
Imbuído pelo sentimento,
Mantem esta alma ausente
O desejo de ressarcimento.
Pensando neste corpo sem alma
E no fruto desta união,
Sofre fruto corpo e alma
A dor da desunião.
Por mais que este corpo sem alma
Tenha tentado a reconciliação,
Mais forte foi a indiferença
E a força de uma traição.
Hoje uma alma já partiu
A outra vive a liberdade,
Vive hoje o corpo sem alma
Adotado pela humanidade.
Sem saber de onde venho
Nem p’ra onde irei também,
Vivo asilado no mundo
Nos braços de outro alguém.
J. Coelho