Hoje retrato o tango,  que é a dança que me faz sair de casa e ensinar e aprender que podemos fazer poesia também com as pernas dançando com elegância e acima de tudo com muita entrega. Minha poesia é livre como é livre meu coração...tenho dito e bendito.



Pernas Poéticas



Na hora da briga eu disse que não queria vê-lo nunca mais
Se atravessar aquela porta não tem volta moça de Batatais
Mas eu saí e bati a porta com força só para irritar
Sem atitude comigo não adianta blábláblá
Alguns dias depois o telefone insistente a tocar
Filha com você ele quer falar
Mãe diz que eu saí
Filha ele insiste porque sabe que aqui você esta
Mãe diz que eu morri
Menina ele esta chorando e dizendo que a ama
Ah mãe ! Eu adoro um bom drama
Até que chega o fim de semana e finalmente vou na gafieira
Faço poesia com as pernas
Dançando boleros e tangos a noite inteira
De salto alto rodopio até riscar o chão lustroso do salão
Meu cabelo negro emoldura meu rosto
E meu decote em v emoldura meu coração
Na primeira mesa me deparo com ele olhando fixamente para meus lábios carmim
Ergo desafiadora o queixo
A paixão arrepia e queima a ferro e fogo tudo dentro de mim
Por medo eu nego e renego esse desejo
Se eu encostar minha boca na sua boca
Desnudo minha alma num simples beijo
Quando saio na calçada
Ouço meus própios passos de moça boêmia na madrugada
Meu nome ecoa naquela rua deserta
Cada vez que ele chama por meu nome
O nó na minha garganta mais aperta
Apresso o passo e não olho para trás
Hoje você não vai embora enquanto não dançar comigo morena de Batatais
No meio da rua dançaremos um tango flamenco
Nem os paralelepípedos nos impedirão de expurgarmos todo o nosso sofrimento
Se prende nas pedras o salto da sandália de Raquel
Que lança a ele um olhar manhoso e cruel
Ele a ampara ao som do inconfundível Gardel
É olho no olho e mão na mão
Pernas entrelaçadas e clima de total sedução
Como um legítimo cavalheiro ele não vai gritar olé
Ao final da dança sabe que não tem nos braços uma qualquer
Em movimentos sincronizados faz o gran finale
Me deitando em seus braços como uma menina que dança como mulher fatale...







                 
                                                      

                                                          



Raquel Cinderela as Avessas
Enviado por Raquel Cinderela as Avessas em 21/10/2011
Reeditado em 21/10/2011
Código do texto: T3290669