O AMOR E O TEMPO
O tempo é como o amor
Tem ciclos inconstantes
Porém apenas o tempo retorna
A ser o que já foi antes
No tempo há incertezas
No amor certezas não há
O certo é que velha a tristeza
É um novelo a nos enrolar
O tempo nunca envelhece
O amor como nós, fica velhinho
O sentimento que nos enlouquece
Vaza como se fosse ar, pelos furinhos
Os afagos rareiam, as mãos esfriam
Vem a renúncia, tudo ganha outra feição
Os olhos perdem o brilho, a vida cobra
Lágrimas vêm, lágrimas vão
Como recordo das velhas paixões!
Perdidas no tempo nem posso vê-las
Sonhos embalados nas cartas de amor
Que carregavam as luzes e as estrelas
Hoje, as cartas que não mais recebo
Dobro-as e faço barquinhos imaginários
Que flutuam no meu rio de lágrimas
Que saem destes olhos solitários!