Não Há Vagas
Às vezes, me sinto
tão inútil em tua vida;
assim, como um vaso
quebrado, colado, encostado.
Algo tipo uma coisa,
uma voz despercebida...
vejo-me sem serventia para nada.
Meço meus poderes em fases controladas
e me conscientizo que
sou apenas um zero à esquerda,
um amontoado de roupas
velhas remendadas,
que embora se conserte
mostra sempre as marcas costuradas.
Sei que nunca existe um vazio
em ti, quando não estou perto,
Porque coisa nenhuma
não preenche lugar;
e esse vazio suposto já
tem outra a ocupar.
Assim, sigo me enganando
para não morrer de tédio.
Vou me curvando, suspirando,
engolindo, e me entrego;
o sabor é cruel e amargo,
mas, eu tomo esse remédio.
Talvez um dia, quem sabe,
eu me torne importante para ti,
e como a única, meu pobre
rosto volte a sorrir.
Ou então, viverei para sempre
invisível
e minha boca sem teus
beijos continuará
a conviver com esse
sonho impossível.