QUERO

QUERO

Não quero falar por metáforas

Não quero falar por parábolas

Não quero falar por sofismas

Não quero falar por fábulas

Quero falar com a língua

E que ela seja muito mais

Do que futilmente, palavras

Quero falar com palavras

E que elas sejam muito mais

Do que simplesmente a língua

Não quero saber de eufemismos

Não quero saber de semânticas

Não quero saber de modismos

Não quero saber de retóricas

Quero a poesia clara

Dos teus olhos e da alma

E do amor sem complexo

Quero penetrar no teu âmago

Com franqueza; e com calma

Absorver o teu sexo

Não quero ser moderado

Não quero ser literato

Não quero ser complicado

Não quero ser emblemático

Quero me intimidar

Quero me enfraquecer

Quero me subordinar

Quero me enternecer

Quero falar com o tato

Quero saber com o ato

Quero ser mais com o fato

De escancaradamente amar...

Com a língua de novo

Com a língua do povo

Com palavras plenas

Ruidosas, amenas...

Render-me, é o que espero

E sem culpa, dizer:

Amo-te amor, eu te

Quero!

Leopoldina, MG.

Balzac José Antônio Gama de Souza
Enviado por Balzac José Antônio Gama de Souza em 14/12/2006
Código do texto: T317927