Não pequei

Procuro ao meu redor pelo timbre do seu falar.

Busco no absurdo a hipótese ínfima de te tocar.

Rolo na cama milhões de vezes. "Quero Você".

Tento conter as lágrimas ao constatar que não posso te ver.

Ainda sinto o calor de nosso último abraço.

Vou sumindo, diminuindo em soluços, me perdendo no cansaço.

Não pequei, definitivamente não sou pecadora.

Fui capturada pela sua sensibilidade, sua admirável cortesia e boca tentadora.

Os seus braços acolheram mais que meu corpo insano.

Me fez sentir mulher, amada, capaz...

Isto não há de ser profano.

Uma jóia em minha mão esquerda diz que eu não devia,

Não devia amar voc~e, voltar a sonhar, chorar de saudades, querer alegria.

Apesar de nada poder, também não posso me controlar.

Seu fascínio me reteu nos últimos segundos em que me presenteou com seu olhar.

Ainda sinto seu gosto me rendo,

Sem você é só vazio, abandono, sofrimento.

Sou flor sem caule. Morrendo...

Nossos destinos nos faz condenados,

A não ter anéis, muito menos papéis,

E mesmo assim estarmos na terra e nos céus, casados.

Com ou sem pecado, o amar não nos pertence. Nós pertencemos ao amor.

E apesar de lindo, tudo se fez em atraso, e aqui estamos em plena dor.

Não te pergunto, não me pergunte. Eu não sei!

Se podíamos ter evitado, não sei.

Te amo, amo, amo. E não pequei.

Mary Rezende
Enviado por Mary Rezende em 12/12/2006
Código do texto: T316252