Lua cheia

Meu olhar bebe tua réplica,

meus lábios silenciam teu amor;

minha pele desnuda tua conquista,

e dá na vista minha dor…

Minha filosofia ignora,

como afloram dor e prazer;

anelando mais que miscigenação,

antes, plena fusão do ser.

Um desejo, além de desejar,

sem negar, claro, te querer;

o amor em si, puro, a se dar,

o amor em mim, carente de receber…

Um olhar que foi acidente,

e estreitou o panorama da cidade.

Será meu foco permanente,

esperança me persuade.

Como são úteis as coisas fúteis,

para esconder a verdade!

Como duas retinas podem romper,

o castelo da vontade!

Eis a timidez insolúvel,

na solução de continuidade!

Resolução, quimera, bravata;

de quem não ousa a metade…

Realização ainda espera,

que defira o sonho, o Fado;

então a lua será sempre cheia,

mesmo ocultando um lado…

Leonel Santos
Enviado por Leonel Santos em 25/07/2011
Código do texto: T3118351
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