Lua cheia
Meu olhar bebe tua réplica,
meus lábios silenciam teu amor;
minha pele desnuda tua conquista,
e dá na vista minha dor…
Minha filosofia ignora,
como afloram dor e prazer;
anelando mais que miscigenação,
antes, plena fusão do ser.
Um desejo, além de desejar,
sem negar, claro, te querer;
o amor em si, puro, a se dar,
o amor em mim, carente de receber…
Um olhar que foi acidente,
e estreitou o panorama da cidade.
Será meu foco permanente,
esperança me persuade.
Como são úteis as coisas fúteis,
para esconder a verdade!
Como duas retinas podem romper,
o castelo da vontade!
Eis a timidez insolúvel,
na solução de continuidade!
Resolução, quimera, bravata;
de quem não ousa a metade…
Realização ainda espera,
que defira o sonho, o Fado;
então a lua será sempre cheia,
mesmo ocultando um lado…